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Pesquisa indica estado nutricional de internos do asilo de Araraquara

Janaína de Castro
4º ano de Jornalismo

O estado nutricional dos idosos residentes no Asilo de Mendicidade de Araraquara não é o ideal por causa de fatores inerentes às suas condições físicas e sociais e à falta de voluntários que os auxiliem durante as refeições. A conclusão é de uma pesquisa de iniciação científica realizada pelas alunas Aline do Prado Marcatto, Gislaine Cristina Agustoni e Carolina Dutra Picanço, do 4.º ano do curso de Nutrição da Uniara, supervisionadas pela professora mestre Rita de Cássia Garcia. Participaram da pesquisa 61 pessoas, sendo 37 mulheres e 24 homens, com idade entre 60 e 98 anos.

A orientadora Rita de Cássia Garcia explica que a pesquisa foi realizada apenas com os idosos que andavam, já que o fato de estar acamado interfere na verificação de peso e altura, medidas necessárias para a obtenção do índice de massa corporal (IMC). De acordo com os resultados da avaliação, 57,8% dos homens e 51,4% das mulheres apresentaram índices de obesidade e sobrepeso; já o baixo peso foi verificado em 20% das mulheres e 15,7% dos homens acima de 80 anos.

Rita explica que era esperado um índice maior de baixo peso, por ser característica normalmente encontrada em asilos. A preponderância de baixo peso em indivíduos acima de 80 anos é justificada pelo fato de idosos nessa faixa etária requererem maiores cuidados na alimentação e apresentarem alta incidência de patologias associadas. “Patologias como hipertensão e diabetes foram encontradas em 60% dos homens e 42% das mulheres, além de uma alta incidência de demência e Mal de Parkison, o que dificulta a alimentação”, diz. Além disso, a maioria não tem dentes ou possui próteses mal ajustadas, o que os impede de comer alimentos duros, dando preferência a sopas, que muitas vezes têm valor calórico insuficiente.

Segundo a professora, a pesquisa também identificou dados que não estavam previstos, mas influenciam a alimentação, como a situação social dos idosos. “As dificuldades para se alimentar acabam resultando em um alto grau de deficiência nutricional, pois a maioria treme e demora, deixando o alimento gelar, e não come mais", diz.

Outros fatores que influenciam na perda de apetite do idoso é a depressão, a perda de entes queridos, a redução ou perda da autonomia, o isolamento social e o declínio das funções sensoriais da visão, olfato e paladar. Além disso, como o asilo é uma instituição que depende de trabalho voluntário, conta com uma quantidade insuficiente de funcionários, o que os impede de dar uma maior assistência aos idosos.

Quadro Explicativo: Consumo alimentar

O segundo objetivo da pesquisa foi avaliar o consumo alimentar dos idosos residentes no asilo de Araraquara. Rita de Cássia explica que essa avaliação é feita, normalmente, com um relatório de freqüência, em que o avaliado descreve o que comeu em cada uma das refeições. Nesse caso, o método não foi possível, já que a alimentação é padronizada e a maioria não tem boa memória. “A única maneira de analisar o consumo alimentar dessas pessoas foi pesando cada alimento oferecido no prato e, após o consumo, pesar as sobras, para saber quanto cada um consumiu”, explica.

Foram analisadas as refeições servidas no café da manhã, almoço e jantar durante duas semanas consecutivas para determinar a média. Os resultados indicam que a quantidade calórica diária consumida pelos idosos fica entre 1,3 mil e 1,6 mil calorias, o que está próximo ao ideal e justifica a pouca incidência de baixo peso. No entanto, ocorre uma má distribuição dos nutrientes, visto que o asilo, como toda entidade filantrópica, vive de doação, que não é fixa e não atende a todas as necessidades de alimentos.

Os idosos recebem, diariamente, café-da-manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e um copo de leite antes de dormir. Isso indica, segundo Rita, que a alimentação dessas pessoas não está prejudicada em quantidade.

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